sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fascinação


A violência é tão fascinante... Um morador de rua foi jogado, na noite do dia 6 de Abril, em uma fogueira na zona norte de São Paulo. Um homem. 40 anos de história pra contar. Um homem. Jogado por nada em uma fogueira.
É estranho dizer que não se sabe o porquê do ato de crueldade, pois não estou ainda acostumado com estas atitudes. É estranho pensar que há ainda – ou porque não dizer, cada vez mais – indivíduos que praticam tais atos à sombra da lei. Ora, o estado nada faz para garantir os direitos do cidadão? Não venham dizer que a polícia está à procura dos culpados e que há uma mobilização da força para que estes fatos não voltem a acontecer. Mentira! Aliás, se for verdade, é pior ainda. Incompetentes!
Até quando teremos medo do terror e da polícia ao mesmo tempo? Vivemos entre a cruz e a espada e nada aponta para uma melhora significativa. Porra, é de perder a compostura! Como diz meu ídolo Ricardo Eugênio Boechat, “Porrada na cambada! Guilhotina nessa cambada”! Eles um dia vão aprender a respeitar o povo do Brasil!
Que me perdoem os moralistas, não pude evitar o palavrão. Estou farto e certamente não sou o único. São sempre as mesmas desculpas e sempre as mesmas soluções, que nunca são cumpridas como se deve. Faço questão de salientar as palavras da colunista Mirian Leitão, “não revoguem nossa inteligência”. Por alguns instantes chego a desejar que os atirados nas fogueiras pelo Brasil afora, sejam os senhores, que são uma corja de assassinos maquiados pela máquina pública. Senhores governantes, a cada crime hediondo que ocorre, há uma parcela de culpa de vossas excelências. Ou os senhores acham que ninguém percebe o que se passa na esplanada?
E nossas vidas são tão normais... Os jornais estampam as notícias como se nada fossem. A rotina nos consome de tal forma que não temos mais tempo – ou não nos é conveniente separar algum – para pensar a respeito de tais coisas. Coloquem-se no lugar dos familiares. Coloquem-se nas calçadas, sentados observando os transeuntes e pensando: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Não bastasse a humilhação de pedir algum trocado para as pessoas que passam, ainda tem que conviver com o medo constante de ser agredido.
No Rio de Janeiro, as famílias que ficaram desabrigadas devido ao desabamento do morro do Bumba, em Abril de 2010, abandonaram os abrigos e foram para as ruas, devido às condições precárias nas quais se encontram os mesmos. Observem bem... As ruas são melhores que os abrigos oferecidos pelo estado. Aonde entra nesta questão o direito à dignidade estabelecido pela constituição? Por um momento eu quase me esqueci... Os senhores não se preocupam com a constituição, a não ser que a mesma defenda os seus direitos. Um dia eu aprendo a não me preocupar...

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