sábado, 26 de março de 2011

Caleidoscópio

       “Devemos julgar um homem mais por suas perguntas do que pelas respostas”. Essa frase foi mencionada pelo poeta e filósofo francês, Voltaire (1694-1778).
        Ao me deparar com essa frase, coloquei-me num estado de reflexão a respeito dos sistemas educacionais do século XXI. Quando digo “sistemas educacionais”, não me refiro somente à escola ou aos milhares de sistemas de avaliação que conhecemos. Dia após dia, as pessoas tornam-se mais práticas, buscando uma perfeição acadêmica que não nos acrescenta em nada como sociedade se não for somada a um senso critico e uma mentalidade social.
        Desde novos, somos criados para aprender o que é certo e errado de uma forma metódica, porém isso não é da natureza humana. Nossa natureza é, antes de qualquer coisa, questionadora. Quantos pais perdem a paciência com seus filhos em meio a tantos por quês levantados nos primeiros anos de vida? Se soubessem que ao fazê-lo amputam aquela que é a principal característica dos grandes homens... São privados desde pequenos da sua capacidade de questionar.
        Todas as grandes revoluções foram idealizadas por grandes questionadores. Podemos lembrar, sem muito esforço de algumas delas: a reforma luterana, a revolução francesa, a derrubada do muro de Berlim, as diretas já, entre outras revoluções que mudaram o curso da história, partiram de questionamentos acerca de regimes autoritários, sejam eles políticos ou religiosos, opressores, portanto, supressores de opinião.
        Não digo que todas as mudanças provenientes de questionamentos pertinentes, acarretaram necessariamente em melhorias sociais; contudo, aprendemos a traçar um caminho rumo ao esclarecimento, que se encontra longe da nossa realidade.
        Pensar é uma atitude nobre, apesar de comum aos seres humanos. Se somada à capacidade de reflexão individual, torna-se um costume sadio e enriquecedor.
        Certamente, alguns praticistas argumentarão, sabidamente, que não há valia em questionamentos vagos, levantados frequentemente por pensadores. De onde vim? Para onde vou? Qual é o meu papel no teatro da vida? Realmente, se analisarmos por esse prisma, percebemos que são perguntas praticamente sem resposta. Entretanto, há questões que influem diretamente em nossas vidas, e como tal, devem ser analisadas através de um olhar diferenciado. Questões como: por que não há um sistema educacional digno no nosso país? Por que existe um imenso abismo nas relações entre empregados e empregadores? Ou até mesmo questões de segurança pública, como: Por que nossa juventude tem aversão às políticas e medidas favoráveis ao seu próprio bem estar como o desmembramento das torcidas organizadas ou às campanhas de conscientização do risco da bebida no trânsito?
        É através de uma profunda reflexão acerca de temas estigmatizados e de uma reforma nos sistemas básicos educacionais, que encontraremos a resposta ou ao menos um desmembramento de uma questão universal: O que podemos esperar do amanhã?
        Não obstante a sociedade jamais melhore como um todo, devemos procurar a evolução individual como forma de amenizar o canibalismo social no qual vivemos.



               Raphael Mota



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