quinta-feira, 17 de março de 2011

Ouro de Tolo

  “O Brasil é o país do futuro... O Brasil é o país do futuro”.

  As palavras de Renato Russo ecoaram lares, bares e casas de espetáculos do país, trazendo uma miscelânea de esperança, ironia e euforia para a nossa população.

  Teoricamente, Renato estava certo. O Brasil é o país do presente.

  Economia aquecida, políticas de segurança pública, programas de abertura das universidades através de bolsas e financiamentos estudantis, entre outras medidas, trouxeram um olhar de admiração para sobre o Brasil.

  Um olhar mais atento, entretanto, nos mostra que as medidas adotadas pelo governo são, na sua maioria, quantitativas, ao passo que é necessário (e urgente) que sejam adotadas medidas qualitativas.

  Na sua grande maioria, são medidas paliativas e eleitoreiras. São um clamor desesperado em busca de aprovação pública, e não trazem benefícios reais para a população.

  Assistimos todos os dias a propagandas veiculadas por uma mídia tendenciosa, que expõe supostos avanços na área da educação, por exemplo.

  Desde o ano 2000, uma série histórica das avaliações internacionais, conhecidas como Pisa (Programme for Student Assessment), vem avaliando, a cada três anos, jovens de 15 anos, devidamente matriculados em instituições de ensino e que tenham completado, pelo menos, seis anos de instrução.

  Nos resultados de 2009, o Brasil ficou atrás de vários países com renda per capita bem abaixo da nossa, como Peru, Albânia, Indonésia, Turquia e México.

  Entre os 65 países que participaram da versão recente do Pisa, o Brasil ocupa o 53º lugar em Ciências e o 57º em Matemática.

  Isso soa como desenvolvimento social?

  Dados recentes mostram que, de cada três assassinatos cometidos no Brasil, dois são sofridos por pessoas de pele negra. Em alguns estados, o número de negros assassinados chega a um percentual catastrófico. Na Paraíba, morrem 1,083% mais negros. Em Alagoas, 974%. E, na Bahia dos blocos de Carnaval, 440%, de acordo com dados publicados na revista Carta Capital, publicada na primeira semana após o carnaval.

  A instalação as UPP’s (Unidade de Polícia Pacificadora), que outrora apontava sinais de sucesso, começa a protagonizar casos de violência desmedida, corrupção, envolvimento com milícias, entre outras condutas criminosas.

  Sejamos mais críticos. Faça sua parte. Olhe para o homem do espelho e procure sinais de mudança. Cobremos mais dos nossos governantes e façamos valer nosso direito de votar, escolhendo de forma lúcida e reflexiva, nossos candidatos. Quem sabe, um dia possamos todos cantar sem hipocrisia: “O Brasil é o país do futuro... O Brasil é o país do futuro”.




  Raphael Mota.

  Março de 2011.

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